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domingo, 14 de maio de 2017

Sol e Lágrimas - Capítulo II


Por: Alexandre Mendes



O percurso do milharal a casa grande foi muito árduo para Alcebíades. Ele, um senhor de sessenta e dois anos, caminhando a passos largos pela estrada de terra: o capataz a cavalo, ele a pé. Sua botina fazia um ruído engraçado, devido ao suor. Sua respiração parecia mais um barulho de trem desgovernado e seu corpo transpirava horrores sob o sol de quarenta e cinco graus.
 Após meia hora de viagem, os dois chegaram ao portão principal da casa. Olivença ordenou que Alcebíades parasse. Desceu de seu cavalo e o amarrou na cocheira. Alcebíades aproveitou e sentou no chão de terra: estava realmente cansado disso tudo.
- Levanta! - Disse Olivença, que não tirava a mão da pistola na cintura, nem por um instante. – O patrão quer falar com você.

- Você sabe qual é o assunto? – Perguntou o velho, ainda ofegante.
-Não sei, não. Isso é entre você e ele. – Respondeu o capataz.

Caminharam até a escada central. Olivença o mandou subir na frente, com a pistola na mão. Ele tinha ordens expressas de seu patrão para atirar em qualquer indivíduo que fosse contrário a suas ordens, dentro do perímetro da fazenda- seu reino- diga-se de passagem, o que significava para Seu Sebastião, a sua fazenda.

Subiram a escada de madeira da entrada principal: o ranger dos seus degraus era bastante sonoro. Se detiveram ao chegar em frente a porta dupla de madeira de lei. Os ornamentos da sua face externa eram maravilhosos. Olivença bateu a argola de um dos touros de prata, que encontravam-se encravados no centro superior de cada porta. O estalar da chave girando na porta, foi imediato. Uma senhora de estatura mediana, com um longo lenço colorido e desbotado, abriu uma das portas. – Entrem. O Sinhô quer ver vocês.

Adentraram o salão da casa pisando, estrondosamente, sobre o piso de tábua corrida. A poeira de suas botas fez uma trilha no caminho. Pararam em frente a uma porta de madeira. O azul da sua última pintura era quase invisível.
A velha empregada bateu na porta e aguardou a resposta. Uma voz aguda se pronunciou do interior do cômodo. – Entrem. – Alcebíades não teve dúvida: era a voz de seu senhor. Já tinha ouvido esse timbre de voz apenas duas vezes em sua vida. Uma vez, quando pediu abrigo e trabalho na fazenda, e outra, quando teve que clamar pela vida de seu filho, o inconseqüente Odimar. O rapaz, que naquela época tinha apenas dezesseis anos, havia sido condenado a castração pelo velho Sebastião. Seu crime: praticar sexo com os animais da fazenda. Alcebíades lembrou de como bebia pinga, durante aquele trágico período de sua vida. Seu filho lhe dera muito trabalho até aquele dia.

Continua...

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