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sábado, 6 de maio de 2017

Sol e Lágrimas - Cap. VI



Por: Alexandre Mendes

Logo que se refez do ato cometido, Alcebíades pegou a arma da mão de Olivença e saiu em debandada pela mata. Não tinha a menor idéia para onde estava indo. Completamente desorientado e com o corpo dolorido, Alcebíades percorreu pelo interior da mata por, aproximadamente, duas horas seguidas. Chegou a uma clareira, no meio da mata. Alí, um pé de acerola gigante, bem no centro da picada, sombreando a paisagem.
Alcebíades deitou-se embaixo da árvore e descansou seus músculos calejados. Acreditava que o caminho que fazia, o levaria a Chácara Chicória, o lugar habitado mais próximo de onde estava. Mesmo que quisesse, não poderia dormir, pois tinha que ganhar tempo em distância. Sabia que a qualquer momento sentiriam falta de Olivença na fazenda.
De repente, Alcebíades lembrou que tinha deixado alguém para trás. Percebeu que Nonó estava em casa e que poderia estar em apuros. Começou a roer as unhas, hábito abandonado por ele, há muitos anos. – Santo Cristo! Tenho que voltar para buscá-la. Lembrou-se de um rio que passava ali perto, o rio Tupiranga. Seu manancial passava há dois quilômetros de distância de seu casebre, em trecho conhecido por ele. Resolveu, então, descer a margem do rio, no sentido que a águas percorriam. Estava convicto que a sua moradia situava-se para aquelas bandas. Caminhou o quanto pode, até o pôr do sol. Seus olhos tiveram que se acostumar com a escuridão, ligeiramente iluminada pela lua cheia que fazia. Com o revólver calibre 38 em punho, trocava-o de mão constantemente, assim que cansava o braço. A dor do braço quebrado o incomodava bastante, mas isso não foi suficiente para detê-lo em seu caminho. O barulho das cigarras e das corujas acompanhava o velho no percurso. De vez em quando, sentia o vôo rasante dos morcegos sobre a sua cabeça.
Olhou para o horizonte a sua frente, entrecortado pelas árvores e o capim alto da beira do rio. Avistou uma cabana de taipa, circulada por uma cerca de bambu. Uma fogueira era acesa por um vulto, no interior da cerca. A luz crepitante das chamas iluminava o barraco.
Alcebíades colocou a arma na cintura, na proximidade de sua mão esquerda. Não queria problemas. Entretanto, o homem poderia ser amistoso e acomodá-lo, por uma noite, na sua cabana. Sabia que precisava de abrigo e cuidados médicos.
Aproximou-se da cabana e gritou para o homem: - Olá! Poderia me ajudar? Estou cansado e com fome.
O homem parou de manusear o fogo e tentou enxergar quem gritava de dentro da escuridão. Alcebíades se aproximou, cada vez mais do homem e, quando a silhueta de seu rosto se tornou compreensível para ele, sua face descoloriu.
- Não! Eu não acredito...você! – Balbuciou o velho.

Continua...

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