O COLETIVO ZINE É UMA AÇÃO CONJUNTA. A PROPOSTA É REUNIR DIVERSOS FANZINEIROS OU CRIADORES INDEPENDENTES E PRODUZIR UM TRABALHO COLETIVO. CADA PARTICIPANTE CONTRIBUI DA FORMA COMO PUDER, SEJA NA CRIAÇÃO, MONTAGEM, EDIÇÃO, ADMINISTRAÇÃO, DIVULGAÇÃO, DISTRIBUIÇÃO. O IMPORTANTE É SOMAR ESFORÇOS. E ASSIM MULTIPLICAR A DIVULGAÇÃO DO TRABALHO DE CADA AUTOR E DIVIDIR O TRABALHO. SE DER CERTO,CONSEGUIREMOS CHEGAR A NOVOS LEITORES QUE JAMAIS CONHECERIAM NOSSO MATERIAL SE O PROMOVÊSSEMOS ISOLADAMENTE. E NA PIOR DAS HIPÓTESES, AO MENOS TEREMOS UMA DESCULPA PARA INSANAS FESTAS DE CONFRATERNIZAÇÃO E LANÇAMENTO DE ZINES. ENTÃO, MÃOS À OBRA. MISTURE-SE.

domingo, 30 de abril de 2017

Memórias de um operário XII


Por: Alexandre Mendes

Comecei a trabalhar cedo, a pedido de minha mãe. Não entendia porque ela insistia tanto nisso. Mais tarde, quando descobri que o câncer a consumia, passei a levar a coisa mais a sério. Ela queria que eu me fizesse homem adulto, o mais rápido possível. Sabia que eu teria que me virar sozinho, quando ela morresse. Achava que nenhum dos meus tios ou pai me ajudaria. Mais tarde, essa certeza que ela carregava se concretizou...

Desvendei o mistério sobre a sua magreza e comecei a correr atrás de trabalho, aos dezessete anos de idade.

Sai de casa e fui morar com a minha atual esposa, em um pequeno cortiço no Bairro Arsenal, São Gonçalo.

Consegui, através dos classificados, um trabalho de vendedor de pastel com refresco, em lojas de automóveis e comércios em geral, no Centro de Niterói.

A firma era dentro de uma casa, onde moravam duas senhoras.

O pastel era feito por elas, que se revezavam no gerenciamento, e mais três empregadas. Uma cozinheira e duas auxiliares, para a produção dos pastéis. O refresco era posto em garrafas térmicas de cinco litros, as quais eram amarradas pelo vendedor no guidom de uma bicicleta. O pastel era armazenado em bandejas de madeira, forradas com isopor e papel metálico. As bandejas tinham que ser amarradas no carona da bicicleta.

Circulava, habitualmente, pelas mesmas ruas.

Meu público alvo, os funcionários dos comércios, faziam contas semanais, quinzenais e mensais.

Pilotava o “camelinho” junto ao trânsito, disputando as laterais das ruas, com motos e automóveis.

Nem sempre, os clientes quitavam os seus débitos e o fiado aumentava no caderninho, consideravelmente. Teve caso de gente morrer me devendo.

Um belo dia, eu me cansei de trabalhar para as duas mulheres e montei o meu próprio negócio. Comprei um recipiente de plástico e uma garrafa térmica de cinco litros e passei a vender sanduíche, nos antigos pontos.

Entretanto, eu não sabia que, um ano depois, eu acabaria voltando a trabalhar para as senhoras do pastel...

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