O COLETIVO ZINE É UMA AÇÃO CONJUNTA. A PROPOSTA É REUNIR DIVERSOS FANZINEIROS OU CRIADORES INDEPENDENTES E PRODUZIR UM TRABALHO COLETIVO. CADA PARTICIPANTE CONTRIBUI DA FORMA COMO PUDER, SEJA NA CRIAÇÃO, MONTAGEM, EDIÇÃO, ADMINISTRAÇÃO, DIVULGAÇÃO, DISTRIBUIÇÃO. O IMPORTANTE É SOMAR ESFORÇOS. E ASSIM MULTIPLICAR A DIVULGAÇÃO DO TRABALHO DE CADA AUTOR E DIVIDIR O TRABALHO. SE DER CERTO,CONSEGUIREMOS CHEGAR A NOVOS LEITORES QUE JAMAIS CONHECERIAM NOSSO MATERIAL SE O PROMOVÊSSEMOS ISOLADAMENTE. E NA PIOR DAS HIPÓTESES, AO MENOS TEREMOS UMA DESCULPA PARA INSANAS FESTAS DE CONFRATERNIZAÇÃO E LANÇAMENTO DE ZINES. ENTÃO, MÃOS À OBRA. MISTURE-SE.

domingo, 30 de abril de 2017

Memórias de um operário X

Por: Alexandre Mendes

Após largar a bicicleta na porta da lanchonete, deixando de lado o serviço de entregador, apresentei-me no outro batente, no dia seguinte.

Cheguei ao estabelecimento na parte da tarde, a pedido do dono.

Ganhei duas mudas de uniforme, já usadas por outro funcionário. Camisa listrada, verde e branca, calça verde, de pano e sapato preto. Guardei a minha roupa no armário de ferro, numerado. Meu compartimento era o número 30.

Fui apresentado ao chapeiro do turno da noite. Era um paraibano branco, de cara larga e feições sofríveis, como as de qualquer migrante batalhador.

Aldo me ensinou as tarefas a serem, cotidianamente, executadas. Ligar os aparelhos (Chapa e fritadeira); Preparar a salada (Cortar tomate, alface e encher tubos de molho); Preparar as pastas (Milho, ovo, frango e atum) e outros detalhes.

O treinamento visava preparar os novos funcionários para o trabalho na nova loja, que estava prestes a ser inaugurada.

O movimento de clientes era intenso, nos fins de semana. Os balconistas gritavam seus pedidos, tanto para o setor do suco, como para o setor da chapa. Era necessário guardar o pedido na memória. Se a chapa ainda não estivesse cheia, era melhor colocar a carne para assar, o mais rápido possível.

Eu já conhecia os métodos empregados por Aldo para me ensinar o serviço. Lembrei-me do primeiro mestre de obra que auxiliei. Ele xingava muito o aprendiz, enquanto ensinava.

Eu me considerava forte àquela altura e aturei o treinamento, até me tornar um profissional.

Três meses depois, inauguramos a nova loja. Trabalhei nela durante quatro anos e meio, sempre no mesmo setor, no turno da noite. Como o meu horário era o de maior movimento, tive um relativo valor para o meu patrão, enquanto trabalhei no local. Treinei os auxiliares de chapa, contratados para os fins de semana.

Um dia me cansei do trabalho. Não via a menor perspectiva de crescimento profissional, no estabelecimento. A correria era muito estressante. Eu já trabalhava na chapa, há quatro anos e meio.

Foi quando alguém me chamou para uma nova oportunidade de trabalho, como gerente de uma loja de decoração.

Negociei com o patrão a minha demissão.

Logo depois, entrei em uma furada...


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