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domingo, 30 de abril de 2017

Memórias de um operário VI

Por: Alexandre Mendes


Apesar de tudo, eu ainda tinha amigos. Churros era meu camaradão, desde os tempos de moleque. Sua mãe (não lembro seu nome) me deu um papel com o endereço de uma cooperativa de serviços de entrega, e pediu que eu me apresentasse lá, na segunda feira de manhã.
Segunda feira, pela manhã: Me apresentei na Lapa, próximo aos arcos, como indicava o endereço. O prédio era velho e se amontoava com outros prédios, mais velhos ainda, ao redor. 
Subi de elevador até o décimo segundo andar e me apresentei na recepção. O cara que me atendeu, viu meus documentos e me perguntou se eu era primo do Mendes. Não pensei duas vezes e disse que sim. O rapaz pegou o rádio, um daqueles Motorolas antigos, gigantes, e comunicou-se com algumas lojas e disse:
- Começa terça feira, cinco da tarde, lanchonete, Rua Gavião Peixoto.
E eu pensando: - Putz! Que sorte, ter um cara com o meu sobrenome na parada. Na verdade, eu nem sabia quem era.  

  Comecei, então, a trabalhar no serviço de entrega da lanchonete. Me deram um uniforme e uma bicicleta Terraforte. Tinha que cuidar do veículo por conta própria e, o trampo, também não dava o dinheiro da passagem.No entanto, dava para arrumar um bom trocado, com as gorjetas dos fregueses. Quanto mais rápido eu pedalava, mais eu ganhava.
Foi aí, que meu último filho veio a nascer fora da data, aos oito meses, e eu não tive como comparecer no serviço. Liguei para a loja e avisei que não iria comparecer, pois estava levando minha esposa para o hospital.  O subgerente atendeu o telefone e disse que estava tudo bem.
No dia seguinte, após uma estafante manhã comprando os apetrechos do bebê, me dirigi ao trabalho, chegando as cinco da tarde, como era de costume.
De repente, uma surpresa: Tinha outro entregador no meu lugar.
Falei com o gerente, que era o único responsável naquele momento. Ele me disse que não podia fazer nada.
Fui para casa e tive uma noite triste. Acordei de manhã e fui visitar minha esposa e Davi, meu caçula, no hospital . Estava com o semblante muito triste. Confesso que esse momento foi um dos piores da minha vida, pois foi o meu primeiro emprego, depois de trabalhar em diversos bicos, por quatro anos seguidos.
Liguei para a loja, após a visita. O subgerente atendeu e exigiu que eu voltasse, imediatamente. – Não! Vem trabalhar normal que eu vou resolver isso, agora!
E essas são duas pessoas que eu sou eternamente agradecido, a mãe do meu amigo, Churros e o subgerente da tal lanchonete.


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